quinta-feira, 26 de março de 2015

Educação contemporânea


Recentemente, quando numa reunião, uma mãe, atordoada com o mau comportamento do filho na escola, perguntou-me: mas, é mesmo necessário que os pais participem ativamente da vida escolar dos filhos? Respondi que não. Os pais não somente devem participar da vida escolar, mas de toda a sua vida, integralmente.
É inegável que, com a participação dos pais, os filhos tendem a ter um melhor aproveitamento não somente na escola, mas na vida social, cultural, enfim, uma melhor experiência diante das adversidades vividas. Mesmo que não estejam juntos, os pais necessitam acompanhar o desempenho dos filhos. Isso é um fato.
O que está em evidencia, atualmente, é que o sujeito contemporâneo passa por momento de crise, está desbussolado, segundo alguns psicanalistas. Não encontra mais um modelo que o oriente. Ao contrario, o que nos guia é uma multiplicidade de escolhas que trazem consigo a angustia da perda. Stuart Hall, define este momento como uma suposta crise de identidade na pós modernidade. E junto a esta crise encontramos a desconstrução da família nuclear que aos poucos se esvai pelas avenidas capitalistas. Não que isto seja necessariamente um evento ruim, no entanto, poucas pessoas encontraram/inventaram uma forma de lidar com isto, de acordo com seus interesses e identidades.
O que isto tem a ver com a premissa inicial deste texto? Tudo. Evidente que toda a crise vivenciada pelo sistema tradicional de ensino é decorrente de um movimento contemporâneo. Com isto, alguns pais deixaram, muitas vezes por falta de tempo ou pelas barreiras impostas pelas novas tecnologias, a tarefa de educar para a escola. Esta por sua vez, não consegue, nem conseguirá ir adiante sem a complementação da educação familiar. Com isto, os jovens estão ainda a procura de um regimento individual, que possa favorecer a coletividade.
Quando se fala em reunião de pais e mestres, tenho a impressão de que os pais estão ali para fiscalizar professores e diretores. Alguns dizem que a fiscalização é direcionada aos filhos. Desconfio. E questiono se o correto não seria orientar em casa para não ter que fiscalizar na escola. Ora, não confiam nos professores? Essa desconfiança esta também alimentando a liberdade tirana, imposta pelas formas de subjetivação contemporâneas. Logo, o professor não poderá agir, quando seus métodos limitam-se a sistemas arcaicos que tentam fazer enfrentamento a consciências futuristas e ultra informadas, que não estão habituados à vida monótona das salas de aula.
Por outro lado, a escola não quer permanecer curral, depósito de criaturas sem limitações. Para isto faz-se necessário que os pais, mães, e todas as pessoas que também são responsáveis pela educação dos jovens, contribuam. Logo, vos convido à refletir: deixar para a escola o dever de educar ou complementar e inovar é o melhor caminho?
Renato Antonio de Paiva

terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Homer Simpson e a paternidade

Desde a primeira vez que tive contato com as series em desenhos animados, acreditei que muitas delas tem muito a nos dizer. Sempre procuro garimpar nestes desenhos o que há de educativo e o que posso aprender com eles. Dentre todas series que gosto, uma me chama atenção, sempre que assisto: Os simpsons. E hoje decidi escrever sobre o que penso a respeito de Homer Simpson Homer Simpson, o pai.
Acredito que Homer Simpson está anos luz distante do que seria um ideal de pai. Primeiro, alguns referem-se a ele como chefe de família, mas é evidente que esta é sua função na família. Diríamos então que Homer é tão somente provedor. Isto é um fato. Ele não educa, bate no filho (Bart), não é exemplo para a filha, confessa que os filhos não foram bons para ele, entre outras perolas que ouvimos e vemos de Homer.
Há aproximadamente cinquenta ou sessenta anos atrás, existia um certo modelo a ser seguido. O pai era o provedor, imparcial, autoritário, e na maioria das vezes possuía um humor amargo. Porem, com o advento do feminismo e o constante aumento da demanda industrial, consumismo, fez-se necessário que o homem/pai, pudesse adequar-se a outra realidade, que pudesse rever o seu lugar na família. Quem também compartilha dessa ideia é o psicanalista Contardo Calligaris, além de outros pensadores contemporâneos.
Homer Simpson também não representa, para mim, o que há de mudança nesse novo laço social. Muitos o colocam como representante desse “novo homem”, porém, não acredito que seja ele o personagem ideal para representar tal figura. A figura de um “novo homem”, ou “novo pai”, vejo como a representação de um sujeito participativo, afetuoso, que também é provedor e que não perde sua liderança diante das dificuldades inerentes a criação dos filhos. Isto aliás, é algo que não esperamos de Homer. O que vemos é que todos os conflitos da família Simpson está a cargo de Marge, a esposa. Homer sempre está se esquivando e, na maioria das vezes, apontando à Marge os delitos dos filhos. E ainda, mostrando-se inseguro diante das dificuldades, sempre recorre ao bar do Moe, para afogar a s mágoas em alguns copos de cerveja. Aliás, ele sempre confessa e atribui a si mesmo a identidade de bêbado.
Marge sabe das limitações de Homer e sempre está se queixando do esposo. Homer, apesar de ser uma caricatura da vida masculina contemporânea, está muito distante de exemplo para pais ou mães de família, uma vez que transfere toda e qualquer responsabilidade de educação unicamente para a esposa. O homem contemporâneo, é justamente aquele que está disposto a exercer sua masculinidade, sem abrir mão das relações afetuosas com os filhos e ao mesmo tempo, colocar-se junto a mãe, enquanto lideres diante da imposição de limites aos filhos. Deve haver um equilíbrio entre o afeto e o autoritarismo, isto é o que vai definir o pai contemporâneo daquele unicamente autoritário de cinquenta anos atrás.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Quando ter um filho?

Esta é uma questão que muita gente busca resolver, de uma forma ou de outra, ou fugindo, esquivando-se, evitando estar o mais próximo dela. Mas, chega uma hora em que alguns ultrapassam esta incógnita e se deparam com o resultado final, produto do risco que se assumiu.
Algumas pessoas deixam com que as expectativas ultrapassem a experiência. Neste momento tornam-se reféns delas mesmas. Que momentos são esses? Uma possível resposta: A hora da decisão em ter ou não um filho.
Algumas pessoas estão sempre esperando uma boa hora, um momento oportuno, uma estabilidade financeira, enfim, um outro dia. Outras estão arriscando-se, com a faca nos dentes, corajosamente, lançando-se à experiência, mas cônscios do encargo. Há ainda uma terceira classe de pessoas que estão, imprudentemente, lançando-se ao devir, pois ignoram qualquer senso de responsabilidade. O que estas três classes de pessoas tem em comum? O filho que virá como resultado, ainda que seja tardio para alguns e precoce para outros? Ainda não saberemos. Ao meu ver, o que todos tem em comum é a coragem para planejar ou para assumir um filho oriundo de relacionamentos precoces ou maduros. Esta coragem impulsiona um outro resultado que tem sido positivo para alguns pais, mesmo pais separados. O afeto entre pais e filhos. Este, deverá sempre existir, independentemente de planejamento ou não. Mas, mesmo que digam que não houve planejamento, há que se considerar uma enorme parcela de responsabilidade. Afinal não há como não considerar um risco que está se assumindo, uma vez que já se conhece o resultado.
Apesar de estarmos sempre aptos a pensarmos em um típico modelo de família, existem os que optam por ter um filho sem que haja a necessidade de estarem juntos. E mesmo que não constituam família, alguns casais que unem-se em prol do nascimento de um filho, vivenciam uma experiência afetuosa, que não os responsabiliza por estarem separados. Isto seria praticamente inimaginável há décadas atrás.
Quanto ao modelo de família que ainda está colado ao pensamento da maioria das pessoas, cada vez mais, vivenciamos uma predominante queda de um sistema nuclear que parece não dar conta dos problemas na sociedade atual. Alguns dos valores que considerávamos úteis a algumas décadas foram por água abaixo. E hoje podemos ver uma modificação generalizada. Um bom exemplo disso são as famílias homoafetivas que estão crescendo cada vez mais. Um outro exemplo é uma maior tolerância à algumas substancias psicoafetivas, como fizeram alguns países longe de nós, ou até mesmo vizinhos, caso do Uruguai. Muita gente se pergunta o que fazer para “proteger” seus filhos das drogas, o que, muitas vezes interfere na opção de ter um filho, dependendo do contexto em que estejam vivendo.
Diriam alguns que estamos vivendo “num mundo sem vergonha”, mas outros diriam que realmente, o mundo está mudado, no entanto o que importa agora seria nos adequarmos a ele. Concordo com esta segunda.
O que implica para nós pensarmos em uma sociedade mutante, horizontal, e que podemos optar por escolher ou não a paternidade ou maternidade? O ponto crucial é a responsabilidade. Esta sim é o que está movendo as escolhas e fazendo-se necessária diante de qualquer opção, inerente ou não à escolha de um filho.
Então, o que poderia ser colocado como resposta diante da pergunta central seria o nível de responsabilidade ou as implicações de cada um diante de suas escolhas. Logo escolher ou não um filho, seria a resultante do quanto cada um deseja estar com este. Sabendo que não cabe mais procriar, mas participar de seu progresso.

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Parabéns pra você


Há exatamente um ano nascia Miguel. E hoje, após trezentos e sessenta e cinco dias, incontáveis unidades de fraudas, inumeráveis latas de leite, dois dentinhos quebrados, uma queda do berço, um coraçãozinho que abriga todo o meu carinho, lá está ele.
Convenhamos, as horas que antecederam o nascimento não foram das melhores, foram intensas e surpreendentes, mas ao final tudo se atenuou, inclusive o meu nervosismo e ansiedade. Em contraste, as primeiras horas, depois do parto, foram de plena felicidade, alivio e, claro, expectativa. Hoje, quando olho para traz, vejo que toda a tensão inicial, todas as nuances maternas e paternas, tudo o que foi vivido, foi apenas uma mostra da vida para sabermos o quanto é importante a presença de um filho.
Mas, os momentos iniciais esvaíram-se e Miguel não para de surpreender. As vezes, tenho a impressão de que fui ali em qualquer lugar e quando voltei, puft! Alguém deu uma formula mágica à ele. Definitivamente, não vejo como ele cresce. Não quero acreditar que ja se passaram um ano. Como pode? Alias, os efeitos hipnóticos de Miguel não deixaram eu perceber que um ano foi embora, que vários dos meus problemas mergulharam na poeira das pegadas de Miguel e desapareceram.
Há exatamente um ano, nos fora concedido um das maiores alegrias que uma pessoa pode receber: a dádiva de um filho. Sim, um presente. Presente que se faz presença, que se revela nos olhares e sorrisos mais sinceros que jamais pensei que pudessem existir.
Quando recentemente, uma amiga perguntou qual palavra eu usaria para expressar meu sentimento de paternidade, respondi: não há palavra, e se houver desconheço. Um turbilhão sensitivo me anuncia que não há descrição, que sentimento não revela-se em letras, assim vejo a vida paterna.
E hoje escrevo à exaltação do seu aniversario. O dia é seu, meu filho, mas a gratidão é nossa. De parabéns estamos nós por tê-lo ao nosso lado, por nos fazer ver que, com o seu sorriso, a vida é mais doce. Parabéns Miguel! Feliz aniversário.

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Ah, Miguel e seus dentinhos!

Ah, Miguel e seus dentinhos. Mais um detalhe a ser observado. Depois que ele nasceu nós não víamos a hora que os dentinhos começassem brotar em sua boca. Não esperamos muito tempo e de repente: É festa! La estavam eles. Parecia um homenzinho, por diversos momentos esquecíamos sua pouca idade, ignorávamos. Mas tudo isto em prol do fascínio da aparente, porém escassa, dentição.
Após alguns dias, veio a primeira preocupação, pois é. Junto com os dentes aparecem também, na esmagadora maioria das vezes, algum desconforto no bebê. Já ouvi falar de casos em que a criança teve diarréia, febre, entre outros incômodos visíveis e invisíveis. No caso de Miguel o desconforto causado pela chegada dos dentinhos foram: tosse, algum cansaço aparente e vários e vários desconfortos, como se a tosse e o catarro não bastassem.
E assim, todas as vezes que aparece algum dentinho, já sabemos que não vai ser fácil. isto porque eu ainda não citei o stresse do próprio Miguel, que parece nos querer dizer: olhem-me, consigam um mordedor. Aliás, o mordedor, ferramenta essencialmente criativa, torna-se a salvação para diversos pais e crianças. Nesses momentos de “novos dentes”, de oralidade, é importantíssimo que exista um mordedor, de preferência os que não sejam lisos. É importantíssimo que exista um atrito entre a boca da criança e o mordedor, por isso eles não gostam dos lisos ou que não possam causar-lhes nenhum atrito. As vezes até descobrir isso leva tempo e tempo é mercadoria rara em tratando-se da criação dos pequenos.
Após nascidos alguns dentinhos, é hora dos primeiros cuidados em relação a saúde bucal. Isto mesmo! Já podemos tratar, cuidar dos dentinhos nos babys. Inicialmente, depois dos dentinhos brotados já podemos acostumá-los com as escovas, preferencialmente bem macias. Alem deles se acostumarem com a idéia de escovação, os pais já podem observarem e realizar diariamente a limpeza dentária.
Observamos em Miguel algo incomum. Os dentinhos estavam ficando desgastados. Parecia que estava “lixando” os dentes. Quando atentamos para isto percebemos que cada vez que os dentes “coçavam”, ele mesmo atenuava, após morder freqüentemente as grades do berço. Inicialmente foi um susto enorme, mas como cada episódio nos serve de aprendizado, este não pode ser diferente. Mais atenção e cuidado! Essencialmente isto, caso contrario ele continuará mordendo e mordendo o berço. E mesmo que não danifique os seus dentinhos de leite, uma hora a mobília vai estar toda despedaçada e você estará comprando móveis novos. Então, atenção sempre.

terça-feira, 18 de novembro de 2014

Nosso filhote!

Atenção futuras pretendentes!
Aí está Miguel!

O estádio do espelho

Muita coisa aconteceu dede a ultima postagem. Algumas bem significativas, para a observação do crescimento de Miguel, outras, nem tanto. Nestas semanas anteriores, percebi que as varias reações de Miguel tem sempre um significado impar. E ainda condizem sempre com a expectativa de uma resposta imediata. Serei honesto e digo que a expectativa não é só da parte dele.
Segundo os psicanalistas, o que está acontecendo é a sua atuação, experiência ante o estádio do espelho. Lacan (1966), utiliza as seguintes palavras para designar o estádio do espelho:

(...) Uma identificação, no sentido pleno que a análise atribui a esse termo, ou seja, a transformação produzida no sujeito quando ele assume uma imagem – cuja predestinação para este efeito de fase é suficientemente indicada pelo uso, na teoria, do termo imago (LACAN, 1996, p. 97).

O Estádio do Espelho é um período que inicia-se por volta dos seis meses de idade, aproximadamente, encerrando aos dezoito meses, e caracteriza-se pela representação da unidade corporal pela criança e ainda com a sua identificação com a imagem do outro.(GARCIA-ROZA, 1999). Esta representação compreende toda a troca de experiências a partir da imagem de outra pessoa diante de seus gestos.
No caso de Miguel, as boas experiências que temos, compreende, desde as expectativas (nossas e dele) até a interação plena, sempre na tentativa de decifrar o que ocorre a partir da ótica do outro. Sim, estas experiências são dadas não somente entre a criança e um espelho (experiências concretas), mas a partir da ótica do outro, no nível do imaginário.

O espelho, nesse momento da vida, é um objeto Maximo. Através dele, a criança se apropria de uma imagem fragmentada de si e a transforma numa unidade. Isto representa então, a superação de uma dificuldade, a dificuldade de se ver enquanto esta mesma unidade. A partir da interação da criança com o espelho, pode se fazer um recorte dela mesma, ante a fragmentação até então vivenciada.

Quando em 1975, Winnicott em seu texto O papel do espelho da mãe e da família no desenvolvimento da criança, refere-se ao rosto da mãe como o prenunciador do espelho no desenvolvimento da criança. Quando a criança olha para o rosto da mãe, o que ela ver é a si própria. O rosto da mãe funciona como espelho e como lugar a partir do qual se iniciam as primeiras trocas significativas com o mundo. Obviamente, o que é posto como rosto da mãe, também pode ser colocado também como rosto do pai, da avó etc. Winnicott discorre sobre funções, lugares, que podem ser atribuídas as pessoas que convivem com a criança. O que importa é que aconteçam as trocas significativas a partir do retorno afetivo diante das necessidades da criança.

Ao observar o olhar da mãe/pai diante de si, a criança busca estabelecer a referencia que ela tem de si mesmo. Por isso mesmo, no entendimento lacaniano, essa imagem do corpo, se configura como a constituição de eu na criança, e depende, não apenas dela própria, mas exige a implicação do outro.

Dessa forma, o que busca-se ao explicar sobre o estádio do espelho é a tentativa de entendimento do corpo da criança, a partir de uma imagem fragmentada até chegar-se posteriormente ao que chamamos de estruturação do eu, isto é, o corpo unificado. A criança vai aos poucos libertando-se das imagens/fantasias do corpo despedaçado, chegando, por fim a uma imagem total, plena de si.

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Dia das crianças.

Ontem foi dia de festa! não foi aniversario. foi o dia das crianças.
Muitos brinquedos e farra com ele: Miguel.
Tudo começa com a felicidade revelada em seu sorriso após um carrinho colorido, depois a casa é que fica mais colorida com seu largo sorriso. Apesar de ser ele o presenteado, nos sentimos enaltecidos pela sua presença. A maior alegria, o maior presente é tê-lo por perto. Não podemos negar que ele sim, é o maior presente de todos.
Mas afinal, o por que do dia da criança? o por que do presente? como não costumo engolir nada "a seco", sem nenhuma fonte de pesquisa (nem que seja pela net), decidi investigar, desconfiando que existisse algum jogo de mercado por tras de tudo. E de repente!!! Desde o ano 1924, no Brasil, foi criado um decreto, que estipulava que o dia da criança fosse em 12 de outubro. Até então ninguem deu a minima, a não ser para preencher espaços de calendários. Porém, somente em 1960, depois de uma promoção da fabrica de brinquedos Estrela, em parceria com a johnson e johnson, que criaram uma promoção para aumentar as vendas, passou-se a comemorar.
Eu sabia! tinha que ter uma mãozinha capitalista - pensei. Mas não é apenas uma mãozinha. (rsrsrs). Afinal de contas, quando existirá uma data comemorativa que não contemple as intensões mercatoriais? Não sabemos, e enquanto isto, contemplemos nossos filhotes, independentemente de presentes. O que pode-se saber depois de muito tempo, é que reunir a familia e comemorar o que nem mesmo existe é válido, desde que o que se expresse seja o desejo de estarem juntos.

sábado, 16 de agosto de 2014

Filhos e agitos

As vezes podem se passar dias, anos, décadas, séculos (exagero)! mas, sempre temos algo de antigo a utilizar para falar de quem amamos. Com os filhos não é diferente, apesar de fazer quase dois ou três meses que não escrevo por aqui, venho trazer novamente o entusiasmo com que falo de sua surpreendente evolução.
Desde o seu nascimento temos observado muitas mudanças aparentes, mas nenhuma tem sido mais evidente do que a esperteza que Miguel apresenta. As risadas agora são maiores, porém sempre cativantes. Sua percepção está cada vez mais aguçada. Seus movimentos, naturalmente, muito mais rápidos. Neste exato momento corro atrás dele ao longo do alcance de meus braços, ele não para. Está a todo vapor. Esta sim, é realmente, sua maior e verdadeira mudança desde o nascimento. A isto chamo de esperteza, e que seja assim enquanto houver saúde. Não há nada melhor que ver nosso filho saudável e esbanjando energia.
O que para alguns pais é sinônimo de preocupação (A agitação), para mim, não há nada mais comum e inspirador do que uma criança em pleno movimento, sendo criança. O fato é que além de alguns anos, com o constante crescimento capitalista, muitos pais não dispondo de tempo para os filhos aderem sempre à celas de aula, ansiolíticos, padrões de comportamentos, escolhas que acabam por adultizar os pequenos. Sendo assim, aquilo que foge da normalidade, que tira o sossego, que os faz sair de suas zonas de conforto, sempre é um incomodo à nova ordem familiar. Não é estranho vermos sempre em consultórios psiquiátricos, psicológicos, pais a procura de "remédio" para a agitação dos filhos. Muitos já levam o diagnóstico do Dr. Google em mãos.
No entanto, o que me faz sentir melhor é o fato de que ainda vejo muitos pais procurando felicidade junto aos filhos. Vejo muitos pais deixando seus filhos serem crianças, correndo, no ânimo natural de suas idades. Isto sim, enaltece a presença de pais e filhos, de famílias que, independente do tempo para o trabalho, deixam sempre espaço para a agitação dos filhos, e sabem que esta agitação ainda vai fazer muita falta um dia.
Por isso, este sempre aparente movimento de Miguel, me leva ao extase também de minha agitação. Sempre saio de mim a cada nova e intensa viajem paterna.

quarta-feira, 16 de julho de 2014

De volta ao blog

Após algumas semanas sem postar nada por aqui, decidi escrever um pouco a respeito do meu galego Miguel. Recentemente completou sete meses a todo vapor, somando a isto uma queda da cama, varias tentativas de engatinhar e uma tentativa de elaboração de sons cada vez mais proximos dos primeiros fonemas.
O real motivo desta escrita foi um sonho que tive nessa madrugada, motivado pela saudade de dois dias sem vê-lo. Esta talvez seja a menor postagem desde o inicio do Blog, mas talvez seja a mais intensa, digo isso após sentir o calor de uma lagrima percorrendo minha face ao lembrar da presença de minha esposa e filho, que estão de braços abertos a me esperar nesse exato momento.

terça-feira, 13 de maio de 2014

Nível de paternidade

Como saber do seu nível paternal, ou melhor, como saber o quanto estamos implicados com os nossos filhos? A princípio esta é uma questão de grande dificuldade para ser resolvida. Primeiro porque não existe nenhuma calculadora que seja possível para realização de tal façanha, depois, porque cada relação estará pautada no contexto pessoal, singular de cada pessoa. Existem pais que estão a longas distancias e mesmo assim, estão amando os filhos a cada instante, do mesmo modo, existem pais que estão presentes fisicamente, no entanto muito distantes afetivamente. Ainda existem os que não demonstram o seu amor, mas que dariam a vida pelos filhos, e também os que amam demasiadamente e são desprezados. O fato é que não existem regras, ou como dizem, não há receitas.
Recentemente, ao estar numa cidade a mais de oitenta quilômetros de casa, percebi que ser pai é carregar o filho para além das possibilidades físicas. Estava eu, dormindo tranquilamente, quando de repente, Miguel chora, muito alto. Deus! O que terá acontecido, pensei. Quando levanto da cama e o procuro, puft! O menino desaparece, como num passe de mágica. Ufa, foi só um sonho pensei e voltei a dormir e, novamente, me vejo sonhando com ele. Que maravilha! saber que sempre que possível, ele estará comigo.
Enfim, isto valeu, em muito, para saber que um filho constitui em nós, uma marca indelével. Pois ainda que distante se fazem presentes, e quando presentes tornam-se eternizados e capacitados a prolongar qualquer tempo, ainda que todo tempo do mundo seja efêmero, diante da magia de um filho.