sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Parabéns pra você


Há exatamente um ano nascia Miguel. E hoje, após trezentos e sessenta e cinco dias, incontáveis unidades de fraudas, inumeráveis latas de leite, dois dentinhos quebrados, uma queda do berço, um coraçãozinho que abriga todo o meu carinho, lá está ele.
Convenhamos, as horas que antecederam o nascimento não foram das melhores, foram intensas e surpreendentes, mas ao final tudo se atenuou, inclusive o meu nervosismo e ansiedade. Em contraste, as primeiras horas, depois do parto, foram de plena felicidade, alivio e, claro, expectativa. Hoje, quando olho para traz, vejo que toda a tensão inicial, todas as nuances maternas e paternas, tudo o que foi vivido, foi apenas uma mostra da vida para sabermos o quanto é importante a presença de um filho.
Mas, os momentos iniciais esvaíram-se e Miguel não para de surpreender. As vezes, tenho a impressão de que fui ali em qualquer lugar e quando voltei, puft! Alguém deu uma formula mágica à ele. Definitivamente, não vejo como ele cresce. Não quero acreditar que ja se passaram um ano. Como pode? Alias, os efeitos hipnóticos de Miguel não deixaram eu perceber que um ano foi embora, que vários dos meus problemas mergulharam na poeira das pegadas de Miguel e desapareceram.
Há exatamente um ano, nos fora concedido um das maiores alegrias que uma pessoa pode receber: a dádiva de um filho. Sim, um presente. Presente que se faz presença, que se revela nos olhares e sorrisos mais sinceros que jamais pensei que pudessem existir.
Quando recentemente, uma amiga perguntou qual palavra eu usaria para expressar meu sentimento de paternidade, respondi: não há palavra, e se houver desconheço. Um turbilhão sensitivo me anuncia que não há descrição, que sentimento não revela-se em letras, assim vejo a vida paterna.
E hoje escrevo à exaltação do seu aniversario. O dia é seu, meu filho, mas a gratidão é nossa. De parabéns estamos nós por tê-lo ao nosso lado, por nos fazer ver que, com o seu sorriso, a vida é mais doce. Parabéns Miguel! Feliz aniversário.

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Ah, Miguel e seus dentinhos!

Ah, Miguel e seus dentinhos. Mais um detalhe a ser observado. Depois que ele nasceu nós não víamos a hora que os dentinhos começassem brotar em sua boca. Não esperamos muito tempo e de repente: É festa! La estavam eles. Parecia um homenzinho, por diversos momentos esquecíamos sua pouca idade, ignorávamos. Mas tudo isto em prol do fascínio da aparente, porém escassa, dentição.
Após alguns dias, veio a primeira preocupação, pois é. Junto com os dentes aparecem também, na esmagadora maioria das vezes, algum desconforto no bebê. Já ouvi falar de casos em que a criança teve diarréia, febre, entre outros incômodos visíveis e invisíveis. No caso de Miguel o desconforto causado pela chegada dos dentinhos foram: tosse, algum cansaço aparente e vários e vários desconfortos, como se a tosse e o catarro não bastassem.
E assim, todas as vezes que aparece algum dentinho, já sabemos que não vai ser fácil. isto porque eu ainda não citei o stresse do próprio Miguel, que parece nos querer dizer: olhem-me, consigam um mordedor. Aliás, o mordedor, ferramenta essencialmente criativa, torna-se a salvação para diversos pais e crianças. Nesses momentos de “novos dentes”, de oralidade, é importantíssimo que exista um mordedor, de preferência os que não sejam lisos. É importantíssimo que exista um atrito entre a boca da criança e o mordedor, por isso eles não gostam dos lisos ou que não possam causar-lhes nenhum atrito. As vezes até descobrir isso leva tempo e tempo é mercadoria rara em tratando-se da criação dos pequenos.
Após nascidos alguns dentinhos, é hora dos primeiros cuidados em relação a saúde bucal. Isto mesmo! Já podemos tratar, cuidar dos dentinhos nos babys. Inicialmente, depois dos dentinhos brotados já podemos acostumá-los com as escovas, preferencialmente bem macias. Alem deles se acostumarem com a idéia de escovação, os pais já podem observarem e realizar diariamente a limpeza dentária.
Observamos em Miguel algo incomum. Os dentinhos estavam ficando desgastados. Parecia que estava “lixando” os dentes. Quando atentamos para isto percebemos que cada vez que os dentes “coçavam”, ele mesmo atenuava, após morder freqüentemente as grades do berço. Inicialmente foi um susto enorme, mas como cada episódio nos serve de aprendizado, este não pode ser diferente. Mais atenção e cuidado! Essencialmente isto, caso contrario ele continuará mordendo e mordendo o berço. E mesmo que não danifique os seus dentinhos de leite, uma hora a mobília vai estar toda despedaçada e você estará comprando móveis novos. Então, atenção sempre.

terça-feira, 18 de novembro de 2014

Nosso filhote!

Atenção futuras pretendentes!
Aí está Miguel!

O estádio do espelho

Muita coisa aconteceu dede a ultima postagem. Algumas bem significativas, para a observação do crescimento de Miguel, outras, nem tanto. Nestas semanas anteriores, percebi que as varias reações de Miguel tem sempre um significado impar. E ainda condizem sempre com a expectativa de uma resposta imediata. Serei honesto e digo que a expectativa não é só da parte dele.
Segundo os psicanalistas, o que está acontecendo é a sua atuação, experiência ante o estádio do espelho. Lacan (1966), utiliza as seguintes palavras para designar o estádio do espelho:

(...) Uma identificação, no sentido pleno que a análise atribui a esse termo, ou seja, a transformação produzida no sujeito quando ele assume uma imagem – cuja predestinação para este efeito de fase é suficientemente indicada pelo uso, na teoria, do termo imago (LACAN, 1996, p. 97).

O Estádio do Espelho é um período que inicia-se por volta dos seis meses de idade, aproximadamente, encerrando aos dezoito meses, e caracteriza-se pela representação da unidade corporal pela criança e ainda com a sua identificação com a imagem do outro.(GARCIA-ROZA, 1999). Esta representação compreende toda a troca de experiências a partir da imagem de outra pessoa diante de seus gestos.
No caso de Miguel, as boas experiências que temos, compreende, desde as expectativas (nossas e dele) até a interação plena, sempre na tentativa de decifrar o que ocorre a partir da ótica do outro. Sim, estas experiências são dadas não somente entre a criança e um espelho (experiências concretas), mas a partir da ótica do outro, no nível do imaginário.

O espelho, nesse momento da vida, é um objeto Maximo. Através dele, a criança se apropria de uma imagem fragmentada de si e a transforma numa unidade. Isto representa então, a superação de uma dificuldade, a dificuldade de se ver enquanto esta mesma unidade. A partir da interação da criança com o espelho, pode se fazer um recorte dela mesma, ante a fragmentação até então vivenciada.

Quando em 1975, Winnicott em seu texto O papel do espelho da mãe e da família no desenvolvimento da criança, refere-se ao rosto da mãe como o prenunciador do espelho no desenvolvimento da criança. Quando a criança olha para o rosto da mãe, o que ela ver é a si própria. O rosto da mãe funciona como espelho e como lugar a partir do qual se iniciam as primeiras trocas significativas com o mundo. Obviamente, o que é posto como rosto da mãe, também pode ser colocado também como rosto do pai, da avó etc. Winnicott discorre sobre funções, lugares, que podem ser atribuídas as pessoas que convivem com a criança. O que importa é que aconteçam as trocas significativas a partir do retorno afetivo diante das necessidades da criança.

Ao observar o olhar da mãe/pai diante de si, a criança busca estabelecer a referencia que ela tem de si mesmo. Por isso mesmo, no entendimento lacaniano, essa imagem do corpo, se configura como a constituição de eu na criança, e depende, não apenas dela própria, mas exige a implicação do outro.

Dessa forma, o que busca-se ao explicar sobre o estádio do espelho é a tentativa de entendimento do corpo da criança, a partir de uma imagem fragmentada até chegar-se posteriormente ao que chamamos de estruturação do eu, isto é, o corpo unificado. A criança vai aos poucos libertando-se das imagens/fantasias do corpo despedaçado, chegando, por fim a uma imagem total, plena de si.